
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, iniciou hoje sua viagem diplomática mais longa em uma década, com uma ambiciosa turnê por cinco nações: Gana, Trinidad e Tobago, Argentina, Brasil e Namíbia. A agenda, que se estende até 9 de julho, prioriza a segurança de minerais críticos (como lítio, cobalto e terras raras), parcerias energéticas e a consolidação da liderança indiana no BRICS e no Sul Global, em claro contraponto à influência chinesa 136.
Roteiro Estratégico e Objetivos Chave:
- Gana (2-3 de julho): Modi discursará no Parlamento de Gana, honrando os laços democráticos. As negociações focarão em investimentos em energia, saúde, segurança e infraestrutura digital, com Gana como porta de entrada para a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) 1311.
- Trinidad e Tobago (3-4 de julho): Celebrando 180 anos da diáspora indiana, Modi se reunirá com a presidente Christine Kangaloo e a primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar. Cooperação em comércio, tecnologia climática e conexões culturais serão centrais 369.
- Argentina (4-5 de julho): A primeira visita bilateral em 57 anos busca parcerias em defesa, tecnologia espacial e mineração crítica. Argentina, detentora de vastas reservas de lítio, xisto e terras raras, já abriga concessões da empresa estatal indiana KABIL desde 2024. MoUs em energia renovável e saúde digital são esperados 1511.
- Brasil (6-8 de julho): Ponto alto da turnê. Modi participará da 17ª Cúpula do BRICS (6-7/07) no Rio de Janeiro, enfatizando reforma de instituições globais e cooperação em IA e clima. Em Brasília, fará uma visita de Estado histórica (a primeira em 60 anos) para discutir com o presidente Lula comércio, biocombustíveis e prioridades do Sul Global 269.
- Namíbia (9 de julho): Foco em energia, diamantes e conservação ambiental (como o Projeto Chita). O discurso no Parlamento da Namíbia reforçará laços anticoloniais e posicionará o país como porta de entrada para o sul da África 611.
Minerais Críticos: O Cerne da Diplomacia Econômica
A corrida por lítio, cobalto, nióbio e terras raras — essenciais para veículos elétricos, energias renováveis e defesa — define a turnê. Com a China controlando 60% do mercado global e impondo restrições à exportação, a Índia acelera a diversificação:
- América Latina: Parcerias com Argentina (lítio) e Brasil (nióbio) são prioritárias. KABIL e a Coal India já possuem 4 concessões na região 5.
- África: Gana (manganês, bauxita) e Namíbia (urânio, lítio) são mercados emergentes, com empresas estatais (KABIL, NMDC) buscando joint ventures 15.
- Estratégia: Modi enfatiza acordos “win-win” com transferência de tecnologia e processamento local, diferenciando-se do modelo chinês 511.
Contexto Político e Críticas
Esta é a 89ª viagem internacional de Modi desde 2014. A oposição, liderada por Mallikarjun Kharge (Partido do Congresso), ataca os custos acumulados de ₹258 crores (≈ R$ 150 milhões) entre 2022-2024, questionando benefícios diretos ante desafios domésticos como inflação e desemprego 39. O governo rebate citando investimentos bilionários gerados por acordos anteriores (EUA, Emirados) e a redução da vulnerabilidade estratégica.
Impacto Global e Conclusão
A turnê reflete uma diplomacia assertiva para posicionar a Índia como potência multipolar. Ao fortalecer alianças no Sul Global, assegurar cadeias de minerais vitais e ampliar a voz no BRICS (agora com 11 membros, incluindo Indonésia e Egito 2), Modi não apenas reduz dependências, mas redefine o lugar da Índia na geopolítica do século XXI. O sucesso, porém, dependerá da execução prática dos acordos e de seu impacto tangível na economia indiana.