
A cúpula do G77+China em Kampala (Uganda) em janeiro de 2025 marcou um ponto de inflexão geopolítica: 134 nações aprovaram a “Declaração do Sul Global”, exigindo reforma do Conselho de Segurança da ONU e adoção de moedas locais no comércio bilateral. O movimento simboliza a aceleração da multipolaridade, fenômeno que reduziu a participação dos EUA na economia global de 25% (2000) para 15,5% (2025) e amplificou o poder de blocos regionais .
Expansão dos BRICS+
- Membros: 12 países, incluindo Arábia Saudita (maior exportador de petróleo) e Irã, com PIB combinado de US$ 38 trilhões (35% do global);
- Fundo Monetário: Criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS com capital inicial de US$ 100 bilhões;
- Desdolarização: 38% do comércio intragrupo em moedas locais (2024) vs. 19% (2022) .
Iniciativas Regionais:
- ASEAN: Acordo de Jakarta (2024) para transações em moedas locais, reduzindo dependência do dólar;
- Aliança do Crescente: Coalizão militar Turquia-Paquistão-Azerbaijão com exercícios conjuntos no Cáucaso (junho/2025);
- União Africana: Entrada no G20 (2024) e proposta de zona de livre-comércio continental .
Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil):
“Chegamos ao fim da era de um só dono do mundo. O Sul Global não aceita mais ser tratado como quintal” (Discurso na CELAC, 02/2025) .
Mohammed bin Salman (Arábia Saudita):
“Petróleo será precificado em múltiplas moedas. A era do petrodólar acabou” (Entrevista à Al Arabiya, 04/2025) .
Jake Sullivan (Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA):
“Multipolaridade não significa caos. Mas exigirá ajustes na arquitetura de segurança ocidental” (Brookings Institution, 06/2025) .
- OTAN: Turquia e Hungria vetam expansão para Ucrânia (fev/2025);
- Pacífico: Filipinas assina pacto de defesa com China após crise em Scarborough Shoal;
- América Latina: CELAC lança força conjunta contra crime organizado, excluindo os EUA.
A multipolaridade emergente não é um projeto de isolamento, mas uma reengenharia do poder global. Blocos regionais ganham musculatura econômica e militar, enquanto os EUA veem sua influência definhar não por declínio absoluto, mas pela ascensão coletiva de atores antes periféricos. O desafio será estabelecer novos equilíbrios sem desestabilizar o sistema internacional — um tabuleiro onde o Ocidente já não dita as regras .