
Líderes dos 32 países da OTAN comprometeram-se formalmente a elevar os gastos mínimos de defesa para 5% do PIB até 2035, durante a Cúpula da aliança realizada em Haia nos dias 24 e 25 de junho de 2025. O anúncio, feito pelo secretário-geral Mark Rutte, foi classificado como um “salto gigantesco” diante de um “mundo mais perigoso“, motivado por ameaças da Rússia, instabilidade no Oriente Médio e avanço da influência da China. A medida atende a uma demanda-chave do presidente dos EUA, Donald Trump, que desde seu retorno ao cargo em janeiro de 2025 pressionava por investimentos bélicos mais robustos.
A meta de 5% do PIB será dividida em duas partes:
- 3,5% para gastos militares diretos (aquisição de tanques, caças, munições e defesa aérea, com planos de quintuplicar investimentos nesta última área);
- 1,5% para “investimentos relacionados à defesa“, como infraestrutura crítica (portos, estradas, redes energéticas), cibersegurança e resiliência civil. O acordo inclui objetivos concretos: aumentar estoques de armas em 30% e adicionar “milhares de tanques” aos arsenais.
A Espanha é o único país que rejeitou a meta, após obter uma cláusula de exceção. O primeiro-ministro Pedro Sánchez afirmou que o aumento seria “irracional” e “economicamente insustentável“, mantendo seus gastos atuais em 1,28% do PIB. Outras nações terão prazos flexíveis: a Alemanha (atualmente em 2,4% do PIB) planeja atingir 3,5% até 2029, enquanto a Eslováquia negociou ajustes similares. Países como Polônia (4,12%), EUA (3,38%) e Estônia (3,43%) já sinalizaram adesão imediata.
O prazo final é 2035, com uma revisão intermediária em 2029 para avaliar ameaças — especialmente o risco russo — e ajustar trajetórias. Membros reportarão progressos anualmente; em 2024, apenas 22 dos 32 países cumpriam a meta anterior de 2% do PIB. Paralelamente, a OTAN aprovou €35 bilhões (US$ 37,5 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia para 2025, reiterando que a entrada de Kiev na aliança é “irreversível“. Rutte destacou que a defesa aérea será reforçada contra o “terror mortal” dos ataques russos.
O presidente russo Vladimir Putin reagiu duramente: criticou os US$ 1,4 trilhão já gastos pela OTAN em armas e chamou as acusações de planos de ataque à aliança de “absurdas“. Na União Europeia, líderes como Emmanuel Macron (França) apoiaram o plano, mas alertaram para “desafios orçamentários“. A UE estuda compras conjuntas de armas para reduzir custos. Analistas, porém, temem “contabilidade criativa” nos 1,5% destinados a gastos não militares, o que poderia minar a credibilidade da aliança.
O acordo — maior expansão de gastos da OTAN desde a Guerra Fria — reflete uma guinada estratégica impulsionada por pressões geopolíticas e pela retórica de Trump. Se implementado, fortalecerá a dissuasão contra a Rússia e modernizará capacidades de defesa coletiva, mas enfrentará obstáculos econômicos e políticos, com a revisão de 2029 como teste decisivo para o compromisso dos membros.