
O Irã anunciou hoje a suspensão imediata de toda a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em retaliação aos ataques aéreos dos Estados Unidos contra suas instalações nucleares em Natanz e Fordow. O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, declarou que o país “não mais tolerará violações de sua soberania” e interromperá o acesso da AIEA a câmeras de monitoramento e dados de enriquecimento de urânio, essenciais para verificar a conformidade com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) 36.
Impacto Imediato: Escuridão sobre o Programa Nuclear
- Perda de Transparência: A AIEA perde capacidade de rastrear estoques de urânio enriquecido a 60% de pureza (próximo do nível para armas) e o funcionamento de 3.000 centrifugadoras avançadas em Natanz. Inspetores foram expulsos do país hoje 612. “Não sabemos” onde está o urânio enriquecido do Irã, diz chefe da AIEA.
- Declarações Contraditórias: O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que os ataques de 30 de junho “destruíram completamente” o programa nuclear iraniano. Porém, fontes da inteligência americana, incluindo a diretora Tulsi Gabbard, admitem que os danos são limitados: instalações subterrâneas permanecem operacionais, e o Irã pode reconstruir capacidades em 7 meses 12.
Contexto dos Ataques e Reações Internacionais
Os ataques dos EUA visaram explicitamente centros de pesquisa nuclear e infraestrutura crítica, após a AIEA confirmar que o Irã acumulou 128 kg de urânio enriquecido a 60% — suficiente para duas ogivas nucleares. A ação foi justificada como “defesa preventiva”, mas gerou condenação global:
- Rússia e China: Acusaram os EUA de “violação do direito internacional” em reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. A China alertou para “consequências imprevisíveis” no mercado energético, já que o Irã fornece 1,3 milhão de barris/dia de petróleo ao país 69.
- Europa: França, Alemanha e Reino Unido classificaram a suspensão como “golpe fatal” no acordo nuclear de 2015 (JCPOA). O chanceler alemão exigiu “retomada imediata do diálogo” para evitar uma crise regional 6.
- Israel: Apoiou publicamente os ataques, mas reforçou defesas aéreas ante possíveis ataques de represália via Hezbollah 12.

Riscos Estratégicos e Mercado de Energia
- Escalada Militar: O Irã ameaçou fechar o Estreito de Hormuz — passagem de 20% do petróleo global — caso novos ataques ocorram. Especialistas da Brookings Institution alertam que isso elevaria os preços do barril para US$ 110, agravando a inflação mundial 312.
- Petróleo em Turbulência: Após atingir US$ 78,50/barril em junho, o Brent caiu para US$ 67,68 com o frágil cessar-fogo Irã-Israel, mas analistas do Third Bridge Capital projetam volatilidade: “Um míssil errante pode reacender a crise” 912.
Um Tabuleiro Geopolítico à Beira do Caos
A suspensão da cooperação com a AIEA enterra os últimos vestígios do JCPOA e inaugura uma era de incerteza nuclear. Com o Irã acelerando atividades ocultas e os EUA mantendo “opções militares sobre a mesa”, o Oriente Médio enfrenta sua crise mais perigosa desde 2022. A comunidade internacional, dividida entre sanções ineficazes e temor de guerra, assiste ao risco real de proliferação atômica — onde a única certeza é que o mundo pagará o preço na bomba de gasolina e na segurança global.