
Um incêndio em um aterro ilegal de resíduos industriais no subúrbio de Butmir, a 5 km do centro de Sarajevo, entra no terceiro dia consecutivo, liberando uma nuvem tóxica que já levou ao confinamento de 20.000 residentes. Autoridades confirmaram que o fogo consome principalmente plásticos PVC e borracha, liberando cianeto de hidrogênio e dioxinas — substâncias associadas a câncer e danos neurológicos. A Defesa Civil emitiu alerta máximo: “Mantenham janelas fechadas e evitem atividades externas”.
O aterro, operado sem licença pela empresa “Eco-Shield”, acumulava 15.000 toneladas de resíduos químicos desde 2022, em violação às leis ambientais bósnias. O ministro do Meio Ambiente, Sead Husić, admitiu falhas:
“A área foi inspecionada em janeiro, mas ações judiciais contra o operador estavam paradas no tribunal de Ilidža”.
A polícia prendeu dois diretores da empresa sob acusação de “crime ambiental agravado”, que prevê até 10 anos de prisão.
- Hospitais de Sarajevo registram aumento de 40% em atendimentos por crises respiratórias;
- 50 casos graves de intoxicação foram identificados, incluindo crianças;
- Equipes de emergência distribuem máscaras com filtros P3 em bairros como Hrasnica e Sokolović Kolonija;
- Especialistas alertam: “A contaminação do solo e aquíferos pode persistir por décadas”, afirma a toxicologista Lejla Kovačević.
O caso ecoa incidentes recentes:
- Em Sevilha (Espanha), 80.000 pessoas foram confinadas em junho após incêndio em depósito químico;
- Na Chéquia, bombeiros combateram fogo em aterro de plásticos que cobriu 450 m² em maio;
- Turquia e Israel enfrentam crises simultâneas com incêndios florestais agravados por calor extremo.
A região de Butmir abriga vinhedos históricos e áreas agrícolas responsáveis por 15% da produção alimentar de Sarajevo. Produtores temem perdas totais: “As uvas estão cobertas de fuligem. Esta safra está perdida”, lamenta o viticultor Emir Hasanović.
O incêndio expõe a crise estrutural na gestão de resíduos dos Bálcãs, onde aterros ilegais proliferam devido a fiscalização frágil e corrupção. Enquanto a fumaça ainda pairar sobre Sarajevo, autoridades enfrentam não só um desastre ambiental, mas uma prova de fogo para a saúde pública e a credibilidade institucional.