
Hugo Carvajal.
Hugo “El Pollo” Carvajal é acusado de liderar cartel que traficou toneladas de cocaína para os EUA e alega financiamento ilegal a políticos da esquerda regional.

O ex-chefe da inteligência militar venezuelana, Hugo Armando Carvajal Barrios, 63 anos, conhecido como “El Pollo”, tem marcado no dia 30 de junho de 2025 seu julgamento no tribunal federal de Manhattan (EUA). Acusado de narcoterrorismo, tráfico internacional de drogas e associação ao cartel Los Soles, a extradição da Espanha em 2023 ocorreu após anos de fuga, onde Carvajal usou cirurgias estéticas e disfarces para evitar captura. O caso ganhou relevância global devido às alegações do réu sobre financiamento venezuelano a partidos de esquerda na América Latina, incluindo Brasil e Colômbia.

Após ser preso na Espanha em abril de 2019, Carvajal fugiu e permaneceu foragido por 20 meses. Modificou a aparência com cirurgias estéticas, perucas e bigodes postiços, mudando de endereço a cada três meses. Foi recapturado em Madri em setembro de 2021 após operação conjunta entre polícia espanhola e agências antidrogas dos EUA.
Durante o processo de extradição, Carvajal enviou uma carta ao juiz espanhol Manuel García-Castellón em outubro de 2021, alegando que o regime de Hugo Chávez financiou partidos de esquerda na América Latina e Europa com recursos da estatal PDVSA. Citou nominalmente Gustavo Petro (Colômbia), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Néstor e Cristina Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia), Mencionou também US$ 20 milhões enviados a movimentos argentinos, incluindo uma remessa de US$ 800 mil interceptada em 2007.

Gustavo Petro negou as acusações e pediu investigação judicial. A lei local proíbe financiamento estrangeiro a partidos. Alegações sobre o PT foram instrumentalizadas na eleição de 2022, mas a Justiça espanhola arquivou em 2023 investigação sobre o partido Podemos (baseada nas mesmas acusações) por falta de provas.
Robert Feitel, advogado de Carvajal, alega “imunidade soberana” por ações realizadas como agente do Estado venezuelano. Também contesta a legalidade da extradição de 2023. A promotora Anne Milgram (DEA) rebate: “Funcionários corruptos não podem se esconder atrás de imunidades fictícias”.
O caso expõe a intersecção entre narcotráfico, política e ideologia na América Latina, com foco no Foro de São Paulo (fundado por Lula e Fidel Castro em 1990). Embora as FARC tenham sido expulsas do grupo em 2002, promotores investigam se a organização facilitou operações ilícitas.

O caso permanece em aberto, com potencial para reacender crises políticas na região, especialmente no Brasil (eleições 2026) e na Colômbia, onde investigações preliminares seguem em curso.